Procissão de Quinta-Feira Santa

A comparência na Procissão de Quinta-feira Santa por parte dos irmãos era considerada de suma importância, sendo severamente castigado todo aquele que faltasse a esta obrigação, como testemunha a aprovação dada pela Mesa de 12 de Abril de 1843 à proposta apresentada pelo irmão mesário José Maria da Silva Barbosa, segundo a qual os Irmãos “a quem fosse lançada a procissão de Quinta-feira Santa e a esta deixarem de comparecer sem que apresentem antes daquela procissão impedimento legítimo, sejam desde logo riscados na forma que ordena o compromisso”.

De uma forma genérica, a procissão apresentava uma estrutura muito simples, com um enfoque bem direccionado: o Senhor Crucificado. Iniciando-se com primeira ladainha, o cortejo processional organizava-se obedecendo a uma sucessão de Primeira bandeira-tochas- Primeiro Miserere / Segunda bandeira-tochas-Segundo Miserere / Terceira bandeira-tochas-Terceiro Miserere, que se articulava com o andor do Senhor, pálio, e o Senhor Crucificado. A utilização de archotes ou tochas era muito valorizada nesta procissão, contribuindo de forma marcante para a encenação de todo o conjunto.

Por vezes, a sua composição sofre alterações. Assim, a procissão de 1774 é a que apresenta a estrutura mais simplificada, sendo a única em que é referido o Porta-Bandeira, destacando-se o andor do Senhor Ecce Homo e o Senhor Crucificado. Ao longo do período analisado, a Primeira Bandeira, o andor do Senhor, e Cristo Crucificado surgem como elementos constantes, seguidos da Ladainha, da Segunda Bandeira, e da Terceira Bandeira. Como apontámos, as tochas ou lanternas enquadravam as estruturas principais, desempenhando um papel primordial, sendo sistematicamente mencionadas. Os três Misereres aparecem-nos unicamente para 1780 e 1784, enquanto o pálio é referido em 1784, 1792, 1795, 1796, e só mais tarde, de 1896 a 1902.

 

 

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